sábado, 23 de outubro de 2010

Dino 7 cordas e Zé Keti em homenagem ao Nelson Cavaquinho



Uma maravilha só: Dino 7 cordas com seus dedos dançantes e o grande Zé Keti. Dino 7 cordas é considerado o criador de uma escola, um modo de tocar violão 7 cordas que deixa qualquer roda de samba ou de choro valorizadíssima. Segundo Nana Vaz de Castro ( em http://www.samba-choro.com.br/artistas/dino7cordas) a inspiração de Dino foi o violonista Tute, que tocava em conjuntos liderados por Pixinguinha. Provavelmente, as atuações mais famosas de Dino 7 Cordas tenham acontecido junto do regional Época de Ouro, que acompanhava Jacob do Badolim, responsável pela extensão "7 Cordas" ao apelido Dino - de Horondino José da Silva.
Zé Keti, compositor da digníssima "Mascara negra" - que a "mais de mil palhaços no salão" sempre leva muito riso e muita alegria - além de ser sobrinho de João Cândido, o "Navegante Negro" (informação que - confesso - não sei onde li, nem sei se está correta) uniu samba, cinema e teatro ao aproximar-se do povo da zona sul carioca e da bossa nova. Uma de suas composições mais conhecidas foi a trilha sonora absoluta do filme "Rio 40 Graus", que, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, num estilo semi-documentarista que que inspirou o povo do cinema novo, mostra um dia na vida de cinco garotos, moradores de uma favela, que vendem amendoim pelas ruas do Rio de Janeiro.
Aproveitando o sucesso da música e do filme, em 1964, Zé Keti, Paulinho da Viola, Anescarzinho do Salgueiro, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Oscar Bigode e Zé Cruz formaram o conjunto A Voz do Morro, que surgiu no restaurante Zicartola, que por cerca de dois anos (1963 a 1965) uniu membros da classe média intelectualizada e da bossa nova, como Carlos Lyra e Nara Leão, com compositores do samba. O conjunto gravou três discos, sendo que nos dois últimos contou com a participação de Nelson Sargento.
Em 1964, após a implantação da ditadura militar, foi organizada aquela que provavelmente foi a primeira resposta musical ao golpe: o show Opnião, no qual Zé Keti interpretava um compositor do morro, João do Vale um compositor e imigrante nordestino e Nara Leão - posteriormente substituída por Maria Bethânia - uma cantora de bossa nova, oriunda da zona sul carioca. Além do Opinião, outro espetáculo musical na primeira metade dos anos 1960 fez parte da caminhada que o samba carioca fez rumo à zona sul: O Rosa de Ouro, do qual fizeram parte Aracy Cortes, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Nelson Sargento e Anescarzinho do Salgueiro, além da revelação de Clementina de Jesus - "graças àquela senhora que é nossa e da gloria também", como foi dito por Nei Lopes.
Façamos justiça: a maior parte dessas informações foram tiradas do livro Almanaque do Samba: a história do samba, o que ouvir, o que ler, o que curtir, escrito por André Diniz.
até segundas

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